quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Minervas da vida real

Por Maiana Melo

Elizabeth Savalla: a Minerva de Morde e Assopra
Vergonha. Palavra que descreve bem o sentimento da sociedade com relação ao comportamento das primeiras-damas de algumas cidades de São Paulo e Alagoas que foram denunciadas pelo programa “Fantástico” do último domingo, 27/11. Elas desviavam dinheiro público para sustentar seus gastos pessoais e até fúteis, como uísque e ração para cachorro, além de outras irregularidades. Isso até me lembrou uma novela que estreou em março deste ano. Transmitida pela Rede Globo, a novela Morde e Assopra tinha como um dos personagens Minerva, uma primeira-dama fútil que fazia licitações para supostos problemas na cidade, mas na verdade usava todo o dinheiro para sustentar luxos como vestidos caros. Assistindo a essa novela eu ficava pensando em que o autor se baseou pra criar aquela personagem. Hoje eu sei que ele se baseou na realidade, e até tenho um palpite sobre o porquê da atitude irresponsável dessas mulheres.

Alguns diriam que esse comportamento fútil vem do descaso com a sociedade, outros diriam que vem da necessidade de ostentar o luxo para causar uma impressão de superioridade, mas eu tenho uma sugestão a mais: má formação familiar. Não querendo fazer um discurso cristão, mas todo o caráter de uma pessoa é formado pela convivência em família e seu comportamento é definido na infância que é o ponto de partida e a fase crucial para a definição de uma pessoa como futura cidadã.

Damas da corrupção 
Na infância, muitas crianças de uma classe social mais elevada são levadas desde bem cedo a ter um comportamento elitista e consumista. Os comerciais de televisão levam as crianças a quererem tudo o que não tem. Os pais já não sabem conter o desejo de querer sempre mais e acabam fazendo com que elas levem isso para a vida adulta. Quando se vêem sem ter as coisas que querem e gostam, apelam para o comportamento mais inadequado.

Se pararmos para observar, a maioria das pessoas de bem já foram pobres ou passaram por dificuldades financeiras que não lhes davam o direito de “bater o pé” por alguma coisa que queriam. Até mesmo as que sempre tiveram condições financeiras, os pais haviam lhes colocado limites, que faziam com que aquela criança entendesse que o que ela estava fazendo é errado.

Na novela, o final não poderia ser outro: a antiga primeira dama vira prefeita e continua com suas falcatruas sem ser descoberta, mas a realidade não precisa nem deve ser assim. Talvez a novela tenha vindo para nos alertar sobre o que tem acontecido no Brasil e nos fazer refletir sobre nossas próprias atitudes, mas enquanto a família não melhorar, continuaremos convivendo com a falta de caráter de alguns brasileiros.

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