terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Record versus Globo: Deus e o diabo no campo da fé e da comunicação

Por Genisson Santos

Ficou provado que, ao contrário do que se acreditava, fé dá, sim, audiência. Não é apenas profanismo, sexísmo ao extremo, pancadaria, sensacionalismo jornalesco e a fantasia das telenovelas brasileiras – tão cheias de elementos que vão de encontro aos princípios de ética e moral da sociedade – que é capaz de segurar o público em frente à TV. A Rede Globo pode comprovar isso com o Festival Promessas, exibido no último domingo (18), pela primeira vez na emissora, que até então adotava uma posição intransigentemente resistente aos evangélicos.

Nomes consagrados da música gospel participaram do festival  
O programa de 60 minutos abriu espaço para a música gospel e para a pregação da palavra de Deus, atingindo bons índices de audiência no horário. Segundo dados do IBOPE, instituto que mede a audiência das redes de televisão na Grande São Paulo, o programa atingiu 13 pontos, o dobro da média registrada na semana anterior no mesmo horário, o que aponta para uma necessidade da emissora investir neste público. Afinal, a religião evangélica foi a que mais cresceu nos últimos tempos, de acordo com o Novo Mapa das Religiões, elaborado pela fundação Getúlio Vargas.

No entanto, o que quero colocar em discussão não é este fato positivo para os evangélicos, mas sim estabelecer uma inevitável e breve comparação no âmbito da fé e da comunicação, entre a Rede Globo de Televisão e a Rede Record, sua principal concorrente.

É extremamente assustador perceber que único espaço dado pela Record aos evangélicos (a saber, à igreja Universal do Reino de Deus – sua principal fonte de sobrevivência financeira), se restringe à alta madrugada, onde se apregoa uma falsa doutrina da prosperidade, baseada na exploração da fé dos seus seguidores.          

Pelo menos em tese, a base ideológica do grupo Record é evangélico-cristã. E partindo deste pressuposto conclui-se que a emissora da Barra Funda deveria ser a principal difusora dos princípios e valores bíblicos. No entanto, ao contrário, o que se vê na programação deste canal são apelações a tudo que é profano, em uma busca desesperada por melhores índices de audiência. Ou melhor, em uma tentativa obcecada de se comparar, ou quem sabe, ultrapassar a Globo, copiando e reproduzindo fórmulas, grades, produtos e produtores da concorrente.

Edir Macedo: "vela" pra Deus ou para o Diabo?
A menos que esteja muito enganado, há algo de muito estranho na relação Record e fé. Como pode um mesmo grupo, ou uma mesma cabeça (do Bispo Edir Macêdo) pregar duas ideologias completamente antagônicas e indissolúveis, em uma falsificação ideológica? Enquanto difundem amplamente em horário nobre (pela Rede Record) cenas de sexo explícito, ao mesmo tempo, em horário terceirizado em outra emissora, com audiência insignificante, pregam um ridículo jejum de informações, tentando evitar a "contaminação" com as "nojeiras" da TV, internet e demais veículos de comunicação. Não há coerência!...

Do outro lado, a Rede Globo, mesmo tímida, faz uma aposta no público gospel. Alguém pode dizer que a Globo está visando apenas e simplesmente seus próprios interesses mercadológicos, acendendo assim, uma “vela” para Deus e outra para o diabo. Pela ótica da fé isso pode ser questionado. No entanto, admitindo-se isso, a atitude “farazeônica” da Globo não é causa espanto a ninguém, já que sabe-se que a cúpula global possui tendência religiosa ao espiritismo e até satanismo. Mas o que dizer da “santa” Record? Será que as “velas” que a emissora de Edir Macêdo tem queimado, realmente, tem sido para Deus? Ou será que seu negócio é mesmo com o coisa ruim?        

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